Domingo, dia dezesseis, uma e vinte e seis da madrugada.
Estava quase pegando no sono... Quando uma caixa despertou minha curiosidade. Encontrei-a no alto d’um guarda roupa, escondida, como se um mistério se escondesse ali. Consegui alcançá-la, com ela em mãos comecei a ver os papeis empoeirados que nela havia
Sou sensível a coisas antigas, não sei por que, Talvez seja minha alergia. Com esta caixa não foi diferente, quando meus olhos presenciaram o que ali havia corri em busca d’uma caneta e um papel, onde pudesse anotar o que estava vendo e sentindo.
O papel estava sobre a tevê, disfarçado e amassado, prestes a ir para o lixo, o resgatei do triste fim. O papel clamava para ser utilizado – pardo e com manchas.
Quanto a caneta, esta sim trabalhosa. Tive de ir até a cozinha procurar, minhas vistas já estavam embaçadas (acho que na madrugada preciso usar óculos), com os pés gelados no chão frio da cozinha comecei a procurar (a noite estava muito fria – fazia uns dez graus). Não encontrei caneta alguma em nenhuma das quatro gavetas do armário. No fim das contas encontrei um lápis da gaveta direita do telefone. Lápis que estava sem ponta, nem me preocupei em procurar apontador, peguei logo a tesoura mais próxima e comecei a descascar o lápis, afim de fazer uma ponta onde pudesse registrar no papel pardo e amassado estas linhas.
Retomando a história da caixa...
(O papel e o lápis estão quase no fim).
Como havia dito, sou sensível a coisas antigas e empoeiradas ( meu nariz principalmente). Quando comecei a dar uma olhada no que continha na caixa, fiquei entusiasmado. Encontrei fotos de casamento, aniversários, aniversários de casamento; medalhas e algumas cartas. Confesso que esta ultima chamou minha atenção. Olhando as fotos e lendo as cartas veio à tona um sentimento que sempre me enche e logo se esvazia. Uma espécie de nostalgia que me deixa contente e ao mesmo tempo triste. Fotos me dão uma angustia e um sentimento de falta muito grande. Eu fui contagiado pelo sentimento de cada pessoa que estavam registradas naquelas fotografias. Encontrei cartas de mil novecentos e cinquenta e três – ruídas pelo tempo. Quando vejo essas coisas fico numa esperança de que as coisas qu’eu escrevo sejam lidas num futuro próximo, ou nem tão próximo assim. É uma forma de ser eterno, por isso que escritores são eternos...
[...]
Sei que parece estranho, mas o ocorrido chamou minha atenção, talvez por que de um tempo pra cá estou com os olhos abertos para o mundo, não deixo escapar um único raio de sol entre as arvores, uma única folha que se meche. Consigo captar tudo através da retina, minha câmera fotográfica. Todo esse movimento de visualizar as coisas em minha volta me inspiram a escrever...
Termina aqui em linhas minhas o relato de mais uma madrugada banal, em que perdi o sono e resolvi escrever.
Uma e quarenta e dois da madrugada (gelada) de domingo.
O lápis já está falhando e o papel acaba por aqui.
[...]
que lindo, cotidiano...
ResponderExcluirMagistral!
ResponderExcluirSempre imaginei que a história perfeita das coisas viria de um escritor que só deixa de escrever quando o papel, o lápis, ou os três, acabarem.
(A mensagem que me enviou, não pôde ser lida. Aquele meu e-mail não existe mais. Mande para 'luizliborioalves@hotmail.com'. Me adicione no MSN, se der. Abraço poeta!)